Um artigo de Francilene Garcia, professora da Universidade Federal de Campina Grande e diretora da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, publicado no site do Correio Braziliense, fala sobre como a região Nordeste vem se destacando como polo gerador de ciência, tecnologia e inovação:
Recentemente, o país testemunhou manifestações de profundo preconceito em relação ao Nordeste. Prontamente, respostas contundentes destacaram o quanto falas preconceituosas ignoram as enormes contribuições da região para a cultura, literatura, música, gastronomia e história do Brasil.
Mas, há uma contribuição central para nosso futuro que tem encontrado um terreno fértil no Nordeste. A região vem se consolidando como um polo gerador de ciência, tecnologia e inovação com benefícios que extrapolam em muito suas fronteiras.
Como ocorre em vários países, grande parte dos investimentos em P&D realizados no mundo destina-se às universidades e instituições públicas de pesquisa. No Brasil, da mesma forma, a maior parte da ciência é realizada por alunos de pós-graduação (mestrado, doutorado e pós-doutorado) nas universidades públicas, sob a orientação de seus professores pesquisadores.
A produção de conhecimento científico, portanto, depende diretamente da existência de infraestruturas de pesquisa científica e tecnológica e de processos de gestão (cérebros, equipamentos, insumos, facilidades, governança institucional e mecanismos de investimentos, entre outros). No Brasil, as universidades públicas, federais e estaduais, são as responsáveis por mais de 95% da produção científica.
O Nordeste conta com 20% dos programas de pós-graduação avaliados e reconhecidos no país (MEC/CAPES), cujos pesquisadores são responsáveis por cerca de 20% dos grupos de pesquisa em operação (MCTI/CNPq). Os indicadores crescentes contribuem com a redução das desigualdades regionais e, em boa parte, são resultantes do programa de reestruturação e expansão das universidades federais — o Reuni, instituído em 2007. O Reuni assegurou investimentos nas universidades públicas e contribuiu para a ampliação da oferta de vagas para estudantes — alguns com aspiração de se tornarem jovens cientistas — e do número de grupos de pesquisa com influência direta na capacidade do país de realizar pesquisas em áreas estratégicas. Para regiões como o Nordeste, a ampliação da contratação de jovens pesquisadores nas universidades federais, em geral recém doutores, contribuiu com a formação de novos grupos de pesquisa, motivados a seguir fazendo ciência no Brasil. Em quatro Estados do Nordeste (PE, PB, CE e RN), o percentual de pesquisadores com nível de doutorado está acima da média brasileira que é de 61%.
Os estímulos para a consolidação dos grupos de pesquisa no Nordeste mostrou resultados significativas na produção científica sobre a covid-19 considerando o período entre 2019 e 2021. O maior número de publicações foi da região Sudeste, onde 23 universidades concentraram o quantitativo de 2.253 publicações, seguida pela região Nordeste, com 683 publicações, e pelo Sul, com 526. A Universidade Federal da Bahia está dentre as dez universidades brasileiras que apresentaram maiores quantitativos de artigos científicos sobre a covid-19 no período avaliado. Um comitê científico foi responsável por orientar os governadores do NE durante o período crítico da pandemia, fazendo com que a região tivesse um dos melhores desempenhos no país, salvando mais de 200 mil vidas.
As redes de colaboração reforçam a importância do envolvimento de pesquisadores e de instituições sediadas no Nordeste em temas estratégicos para o Brasil. Da mesma forma, permitem ampliar a presença de temáticas com maior impacto para o Nordeste.
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