Publicado em Artes, Cultura e Educação, Tradições e Cultura Popular

Língua Mãe: Encontro sobre diversidade das línguas indígenas em maio de 2024

Língua Mãe é descrito pelo curador Ailton Krenak e pelas curadoras Suely Rolnik e Andreia Duarte como um “encontro-ritual”. A partir dessa ideia, querem “mobilizar”, nas palavras de Krenak, e apontar dois pontos importantes e cada vez mais discutidos no Brasil – e no mundo: de um lado, a afirmação das diversas línguas indígenas na cena da disputa política pelos territórios originários e seu apagamento ao longo dos séculos; de outro lado, quer evidenciar os esforços para revitalização dessas línguas. O evento acontece nos dias 18 e 19 de maio de 2024, em São Paulo, no Museu das Culturas Indígenas do Estado de São Paulo, e dia 22, no Rio de Janeiro, no Centro Cultural Banco do Brasil, com realização do Prince Claus Fund e da Outra Margem. Os ingressos são gratuitos:

Em São Paulo, no dia 18 de maio, Nhe`e – palavras-espíritos ou cápsulas das “boas palavras” inaugura as conversas com representantes do povo Guarani, anfitriões territoriais, e sugere uma discussão sobre a importância da linguagem Guarani na construção do bem-viver e as tensões políticas de silenciamento e apagamento da memória e a resistência desses povos. Línguas-espíritos e as tecnologias ancestrais na revitalização das línguas indígenas traz para o debate a importância dos saberes das línguas indígenas na produção dos seus modos de existência e também aponta como alguns trabalhos estão sendo feitos para revitalização de línguas adormecidas, com metodologias, mapeamentos, registros e tecnologias. Um pé no mundo outro na aldeia: indígenas em situação urbana, como o título sugere, pretende pensar o resgate das línguas em contextos urbanos, com a presença indígena desde escolas até universidades, e diálogos com anciãos comunitários. O sentido do Nhe`e, que significa “boas palavras” na cosmologia Guarani e seu potencial de germinação de novos sentidos.

Andreia Duarte, Ailton Krenak e Suely Rolnik

Também no dia 18, em São Paulo, acontece a performance Antes do Tempo Existir, performance artística baseada no espetáculo de mesmo nome, com Lilly Baniwa, de Campinas, que foi construído a partir da memória dos povos originários e seu diálogo entre as variadas existências do planeta; e, para finalizar o primeiro dia, o canto Saudação dos MestreS de SabereS do Museu das Culturas Indígenas se apresenta e faz uma roda junto ao público.

O Grupo Miitxya Fulni-ô, de Águas Belas, no interior do Pernambuco, apresenta, no dia 19, sua dança tradicional, o Toré, entoada em cantos (cafurnas) na sua língua mãe. Após a apresentação, o grupo explicará a importância do idioma falado para sua cultura.

No Rio de Janeiro, o evento acontece dia 22 de maio e tem como primeiro encontro Palavra Criadora – Tecendo línguas: a emergência das línguas indígenas, que aborda a monocultura linguística na história colonial brasileira e propõe uma reflexão sobre a importância do fortalecimento da diversidade das línguas indígenas no Brasil, na disputa pelos rumos do país. Podemos, de fato, cambiar o mundo? encerra o primeiro Língua Mãe com um encontro para trocas entre bolsistas e premiados pela Prince Claus Fund, trazendo suas experiências e contribuições por meio de suas linguagens sociais e artísticas.

Carlos Tukano, da Aldeia Maracanã, do Rio de Janeiro, apresenta o Canto Sagrado da Cultura Tukano, na abertura do evento, que também conta com fala de Ailton Krenak.

Os três dias de evento querem colocar em circulação o ativismo indígena para o enriquecimento da paisagem linguística do país. Em 1987, Ailton Krenak, em discurso na Assembleia Legislativa, ajudou a garantir os direitos dos povos indígenas na Constituição de 1988. Agora, mais de 35 anos depois, ele diz que com esse evento, resultado de ser laureado com o Prêmio Prince Claus Fund e sua entrada como membro da Academia Brasileira de Letras, se abre um leque de possibilidades “de incidir sobre o tema das línguas indígenas no Brasil que eu não vou dispensar de jeito nenhum” porque a língua, como ressalta, “relaciona fenômenos da cultura, do conhecimento e da identidade”.

Para mais informações visite:
– Outra Margem – www.outramargem.art
– Instagram – @outramargem.art

São Paulo
– Dia 18/05/2024 (sábado): das 10h às 18h
– Dia 19/05/2024 (domingo): das 10h às 18h

Local: Museu das Culturas Indígenas do Estado de São Paulo
R. Dona Germaine Burchard, 451 – Água Branca
Ingressos: Entrada gratuita com reserva pelo Sympla:
https://www.sympla.com.br/evento/22-semana-nacional-de-museus-snm-museus-educacao-e-pesquisa-lingua-mae/2438977

Rio de Janeiro
– Dia: 22/05/2024 (quarta-feira): das 10h às 16h

Local: Centro Cultural do Banco do Brasil
R. Primeiro de Março, 66 – Centro, Rio de Janeiro – RJ
Espaço Conceito Banco do Brasil RJ – térreo
Ingressos: distribuição gratuita 1h antes de cada atividade, na bilheteria física ou digital= bb.com.br/cultura